Bradesco é condenado a pagar R$800 mil por ignorar estresse de empregados
A Justiça do Trabalho de Bauru (SP) condenou o Bradesco a pagar R$ 800 mil por danos morais coletivos por deixar de avaliar adequadamente as condições de trabalho de seus funcionários e ignorar “a situação real de estresse” nas agências e postos de atendimento.
Na sentença, proferida no mês de novembro de 2017 pela da 1ª Vara do Trabalho de Bauru, o banco também foi obrigado a ouvir seus empregados e fazer um novo estudo sobre as condições de trabalho.
Segundo informou o Portal UOL, no site do Tribunal Regional do Trabalho da 15ª Região, é possível verificar que o Bradesco entrou com recurso contra esta decisão da Justiça.
A ação contra o banco surgiu de uma denúncia feita pelo Sindicato dos Bancários e Financiários de Bauru e Região, apontando os procedimentos adotados pelo banco em relação às condições de trabalho, saúde e segurança de seus funcionários.
Segundo Sérgio Luiz Ribeiro, advogado do Sindicato de Bauru, a “cobrança excessiva de metas (…) vem provocando o adoecimento da categoria.”
Falhas na avaliação de riscos
A denúncia do Sindicato foi apresentada ao MPT (Ministério Público do Trabalho), que em 2009 moveu uma ação civil pública contra o Bradesco. O MPT ouviu trabalhadores, médicos e outros profissionais da área de saúde e segurança do banco, além de requisitar documentos, e concluiu que houve falhas na avaliação de riscos feita pelo Bradesco. “No entender no MP havia falhas na avaliação do risco que o banco apresentou, pois o Bradesco se limitava a aspectos físicos das agências e postos de trabalho, como mobiliários e equipamentos, mas não avaliava, de fato, o trabalho estressante dos bancários, ou seja, a real rotina de trabalho deles”, relatou o procurador José Fernando Ruiz Maturana.
Segundo ele, foi realizada perícia técnica em agências do Bradesco de Bauru e região. “Essa perícia constatou que, de fato, as avaliações do banco não eram adequadas e que a instituição desprezava a situação real de estresse da rotina de trabalho”.
Pesou também contra o banco o fato de, em nenhum momento, ouvir regularmente os trabalhadores. “No banco não havia essa prática de ouvir de forma metódica os funcionários, para saber, por exemplo, se o maior problema era o teclado ou o trabalho estressante em si”, disse o procurador do MPT.
Multa diária
Ainda de acordo com a sentença da 1ª Vara do Trabalho de Bauru, o Bradesco deverá fazer um novo estudo da condição real de trabalho dentro de um prazo de 60 dias úteis a partir da intimação, mesmo que recorra da decisão. Se o banco descumprir a decisão judicial estará sujeito a pagar multa diária de R$ 2.000,00. Os recursos serão direcionados ao FAT (Fundo de Amparo ao Trabalhador). Para fazer o estudo, diz o procurador, o banco deverá ouvir seus funcionários na fase de levantamento de informações, de validação de resultados e de adequação da ergonomia a ser adotada.
Fonte: UOL
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